



SOBRE TRILHOS LUGAR, TEMPO E MEMÓRIA
TIPO
Projeto de Revitalização Urbana
ONDE
Santa Catarina, Brasil
Revitalização ao longo do traçado da linha férrea desativada do Bairro Bucarein, Joinville/SC
As experiências de revitalização urbana têm se tornado cada vez mais frequentes na contemporaneidade, principalmente devido ao aspecto híbrido do tecido urbano, o qual muitas vezes já consolidado começa a apresentar limitações ao longo do seu espaço. Observa-se assim, que o ato de intervir na malha urbana surge porque locais antes contextualizados, são ‘descartados’ da vivência urbana passando a se constituir como ‘sobras’ de um processo urbano muitas vezes inevitável, que corrobora para a desmemorização da identidade de lugares consagrados pela coletividade.
A relevância desse tema está em perceber que o processo supracitado se revela, também, nas histórias das estações ferroviárias e dos trilhos, pois esses elementos “participavam, portanto, da vida econômica, social, e cultural das cidades, adquirindo ainda um papel simbólico, o de comunicação com o ‘mundo exterior’, feito através dos caminhos de ferro” (KÜHL, 1998, p.239).
Assim, a promoção de processos de revitalizações ao longo do traçado da linha férrea desativada do bairro Bucarein, em Joinville/SC, poderá permitir possíveis reconhecimentos de lugares, que com o tempo tornam-se memórias indissociáveis ao local. Esse projeto considera, então, a necessidade de garantir às pessoas o direito a uma identidade, muitas vezes negada em projetos urbanos que desconsideram os aspectos históricos e sócio-morfológicos do ambiente habitado.


"Não se trata de descobrir o que o tempo recobriu, mas sim compreender a urgência do perigo da perda dos traços ainda atuais que comprovam um passado que não estaria verdadeiramente morto" (JEUDY apud FREIRE, 997, p. 165) (1).
"[...] o lugar da memória será representativo tanto do patrimônio construído que é comumente listado pelos cognoscenti – comemorando sua importância histórica e arquitetônica-, como, também, pelas memórias que a pessoas têm “(...) conferindo a um local um caráter memorável e específico ao qual o usuário pode vincular a si próprio, a seus pensamentos e sensações. (...) Aí, então, poderemos começar a celebrar as histórias das pessoas comuns em lugares comuns” (LYNCH apud CASTELLO, 2007, p.22) (2).
(1) FREIRE, Cristina. Além dos mapas: os monumentos no imagináriourbano contemporâneo. 1. ed. São Paulo: SESC: Annablume, 1997.
(2) LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. 1. ed. São Paulo: Martins Fontes,1997.